Nada do que eu pudesse ter
dito anteriormente faria sentido agora que abraçava a morte. As marchas
fúnebres me arrepiavam e eu estava deliciada em puro êxtase e excitação.
Não haviam querubins, harpas, ou neblinas o cenário era exatamente
igual ao centro de São Paulo em uma madrugada gelada. Quis gritar, quem
sabe alguma alma perdida me achasse…em vão. Balbuciei cantigas, deslizei
sobre o asfalto irregular e descobri que a morte nada mais era que a
solidão, a implacável solidão que me desnorteava enquanto me fazia
dançar e despertar meu cisne adormecido. — Marília Cadima
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