Querida Ana,
Sei que já faz um tempo que não escrevo mas precisei maltraçar umas
linhas no dia de hoje.Um ano e três meses sem te ver sorrir. Sinto
saudade do seu cheiro de tinta pra cabelo e da sua voz que me fazia
morrer de rir.Você me faz morrer o tempo todo. Sua risada,seu
cheirinho,seus abraços,seus conselhos e agora sua falta.Dói demais
pensar no que eu podia ter feito.É horrível pensar que podia ter
arrancado 10 sorrisos da sua cara de menina, tirei só 9. Podia ter
falado mil eu te amos e pra falar a verdade não sei de passou de cem.Me
perdoe por ser tão pequena e mais ainda sem você. O tempo é uma maldição
que luto pra domar todos os dias. Temo esquecer da sua voz e de como
você ficava feliz quando comia Doritos perto de mim só porque sabia que
eu ia entortar o nariz. Quando penso que não vou mais aguentar tanto
aperto no peito aparece outra iminência de perda…Eu não sei o que vem
após a morte,sei tão pouco sobre vida que nem ouso desvendar o fechar
dos olhos, mas sinto que você está bem, tem que estar. O mundo continua
girando,a chuva ainda é gelada e tenho medo de borboleta, como tudo
continua seguindo seu ciclo eu não sei, não soube de muita coisa desde
que você se foi. Estou regando as plantas e até copio matéria do quadro.
Tenho tanta coisa pra te contar…você ficaria orgulhosa!E isso quer
dizer que ando aprontando, claro.Já desisti de gritar que te amo pra ver
se pelo menos o eco respondia,agora sussuro bem baixinho. — Carta
aberta para Ana Paula Venâncio
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